Invisíveis. Era assim que os moradores do Travessão do Índio Preto, localizado a 127 quilômetros da margem direito do porto da balsa do Assurini, se sentiam há quatro anos atrás.
Esquecidos pelo Poder Público, as pessoas que insistiam em morar no local, eram desafiados a viver sem o mínimo de infraestrutura e serviços básicos.
Hoje, com as ações da gestão ‘Mais Vida, Mais Futuro’, a realidade da comunidade é outra. Com a abertura e piçarramento de estradas, além da construção de pontes, os moradores podem acessar suas terras com tranquilidade e segurança.
E na quarta-feira, 04 de dezembro, a comunidade foi contemplada com mais um instrumento de transformação, a Escola de Ensino Infantil e Fundamental (EMEIF) Elisandria José Dias.
A unidade escolar vai atender cerca de 100 alunos, que antes tinham que se descolocar cerca de 40 quilômetros para a escola do Travessão do Cajueiro.
Alívio e satisfação para a estudante Lara Fabia Santos Souza, de 14 anos, que agora tem uma escola próxima de casa. “Achei essa escola muito boa, e de qualidade pra nós estudar. Antes aqui era como se fosse deserto, não tinha nada, agora vai ficar mais feliz e cheio de gente. E o melhor é que é bem perto de casa”, comemora.
Em um espaço amplo, confortável e com todos os materiais entregues para o início das aulas, a diretora ficou satisfeita com as instalações da nova escola. “Na nossa escola temos duas salas de aula, uma cozinha, três banheiros, um alojamento de professor e um depósito para guardar os materiais. Nós vamos atender turmas da educação infantil do pré I e II, e do ensino fundamental do 1º ao 9º ano”, aponta Marilene Carvalho.
Ao longo de quase quatro anos, a Educação do Campo foi prioridade para a gestão ‘Mais Vida, Mais Futuro’. A começar pelas reformas de dezenas de escolas e ações inéditas para a segurança e o bem-estar dos alunos. “Nós tivemos inúmeros os avanços. Em questão de reformas das escolas, foram reformadas mais de dez escolas da Educação do Campo. Investimento nos servidores, contratação de novas funções, como monitores de transporte escolar pra cuidar dos alunos. Na questão da segurança das escolas, também foram contratados novos vigias, para poder tomar conta do patrimônio das escolas”, comenta Joseane Santos, coordenadora da Educação do Campo.
“Também foram construídas novas escolas no Assurini, mais de cinco salas de aulas na Alteir Mardegan. Foi construída a nova escola no Ituna 3, no Cajueiro e agora no Índio Preto. Também foram construídas quatro escolas na Reservas Extrativistas, essa foi a única gestão que construiu escolas nas Resex, e reformas em geral nas escolas, como na da Vila Canopus. Essa gestão deu um grande avanço, um salto na educação do campo”, destaca a coordenadora.
Próximo as festas de final de ano, a Prefeitura doou, durante a cerimônia de inauguração da escola, centenas de brinquedos para as crianças do Travessão. Com muitos sorrisos e ansiedade para o recebimento, os pequenos tiveram um dia completo, agora com um local de aprendizado e muita diversão com os novos brinquedos.
O nome da escola do Travessão do Índio Preto homenageia uma grande liderança da comunidade, a produtora rural Elisandria José Dias, conhecida popularmente como “Sandra do Cajueiro”.
Sandra nasceu no dia 09 de abril de 1979, na cidade de Ouro Preto do Oeste, no estado de Rondônia. Acompanhada da mãe e de dois irmãos, veio para Altamira, com apenas 12 anos de idade, em 1991.
Comprou uma chácara na Agrovila Sol Nascente, onde trabalhava como cabelereira, comerciante, compradora de cacau e agricultora.
Em agosto de 2017, se mudou para o Travessão do Cajueiro, quilômetro 96, zona rural de Altamira, após decidir trocar de localidade. Na comunidade, Sandra era uma voz ativa em busca de políticas públicas para os moradores. Chegou a ser candidata a vereadora no ano de 2020, tendo como pautas as atividades da agricultura familiar.
Sandra era conhecida por estar sempre disposta a ajudar as pessoas, e foi incansável na luta pela construção da escola do Cajueiro. E também doou o terreno para a construção da escola do Índio Preto.
Dona Sandra sempre sofria com dores no braço quando trabalhava como cabeleira. Durante uma consulta médica, foi diagnosticada com um câncer em estado avançado, que estava se desenvolvendo há aproximadamente 10 anos.
Logo em seguida, iniciou o tratamento e foi encaminhada para Belém para realizar os tratamentos. A doença severa foi a causa de sua partida, falecendo no dia 18 de setembro de 2024, aos 45 anos, na capital Belém.
Sandra tinha uma união estável com Wita Amaral de Souza, conhecido como “Lucas da Sandra” e deixou três filhos: Wilker Dias de Souza, Tayna Dias de Souza e Katrine Dias Couto.
O legado de Sandra agora está marcado para sempre na memória da comunidade do Cajueiro, vizinhos, amigos e familiares.
Hoje, Wita Amaral de Souza, esposo de Sandra, está na comunidade cuidando da propriedade e cultivando plantações da agricultura familiar e cuidando das crianças, maior presente deixado por “Sandra do Cajueiro”.
“Neste momento eu não sei nem como agradecer. Estou muito feliz pela homenagem. Ela lutou muito por esse colégio, ela fazia parte da comunidade. E ela estava à frente de melhorias para a nossa comunidade, como educação de qualidade, estrada e saúde. Ela sempre lutou por isso. Eu agradeço muito, estou muito feliz. Ela se foi, mas o nome dela tá na história, eu tô muito honrado e feliz por essa homenagem”, diz emocionado, seu Wita Amaral de Sousa.
Texto: Antonio Luiz Ferreira – Ascom/PMA